sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Onomatopéias na era digital

Este termo de origem grega (ã-hã!) que significa invenção de palavras , através da imitação ou reprodução aproximada de sons ( Humm...) dá expressividade à fenômenos sonoros ( zap, vap, brum, zum...) , à atos sonoros ( Psst, ai!, uau!, ufa!) e até vozes de animais ( miau, muuu, au au, méee ). Ruídos e canto de animais, timbres de voz humana, sons da natureza, barulho de máquinas, gritos e sussurros fazem parte do universo da onomatopéias e, ainda que se pareçam , mesmo assim não são iguais.

A onomatopéia exige afinidade entre o nome e o sentido, por isso se esperaria uma similitude em vários idiomas mas isso não acontece regularmente. Assim que uma das primeiras curiosidades quando se aprende um outro idioma é a comprovação que estas figuras de linguagem não são universais. Custa crer que um cachorro não late da mesma forma dependendo do país onde ele se encontra. Na realidade tudo tem a ver com a nossa forma de perceber os sons e a translação fonética que fazemos. 
Há que se frisar que cada língua convencionou a onomatopéia de maneira própria e que , até mesmo as expressões nitidamente onomatopeicas têm poucas semelhanças nos diferentes idiomas que se traduzem graicamente.
Existem 'sites' que disponibilizam ruídos de animais por todo o mundo e , divertidamente, se percebe a diferenciação, até entre idiomas similares .

A construção fonética de um som se modifica pela percepção diferenciada de cada idioma, assim como mostra o vídeo em espanhol sobre onomatopéias.


Essas figuras de linguagem começaram a expandir-se com os quadrinhos infanto-juvenis e ,pode-se dizer que sem onomatopéias os quadrinhos não seriam os mesmos e nem teriam tanta graça.


Na música , há quem diga que atualmente se ouve uma mistura de refrões onomatopeicos ( rá-tá-tá !, lê- lê- lê ...tchú- tchá, tcherere tchê tchê , lek leks e por aí OIOIOI ), ruídos e sons que não dizem nada mas querem dizer muito , inclusive com o corpo tal qual a reportagem da revista Época comentou.

Revista Época

 Se bem que a música brasileira começou a fazer sucesso lá fora com onomatopéias a là Carmen Miranda (Tico-Tico no Fubá, Aiai Aiai pede pra iôiô , pede pra iâiâ ) .


Projeto do CCBB do Rio de Janeiro "Onomatopéia não é palavrão" musicando o jeito brasileiro de parafrasear sons .


 http://youtu.be/Wgx_-OBfTuQ


A internet popularizou o modo de se expressar através desta figura de linguagem , e em quase toda a conversação digital tem um zip, um spam , um print , um web e um blog...O gato pode não miar aqui como mia lá mas a linguagem digital conseguiu um feito inigualável : a arte de linkar o ser humano.




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

A linguagem é o meio básico para comunicar conhecimento e tradições, e tem como fim precípuo propiciar ao ser humano socialização. Visto que através da comunicação o homem adquire características próprias, intransferíveis e a cada passo define, de maneira especial, sua identidade lingüística e social. A esse processo complexo de construção da identidade lingüística assoma-se o regionalismo, aquilo que lhe é peculiar.
Poder-se-ía dizer que o indivíduo é a razão da comunicação e vice-versa. Também não seria leviano estabelecer uma relação quase materna entre língua e cultura. Toda língua étnica está intimamente ligada a uma cultura concreta e a uma nação, a um modo de sentir e perceber o mundo.

Ênio, poeta latino do século II a.C., falava três idiomas (o grego, o latim e o osco) e costumava dizer que por isso tinha três almas. Afirmava com relação ao conhecimento de uma língua: não se trata simplesmente de “uma maneira ou outra de dizer as coisas” (table em vez de mesa, te quiero em vez de te amo), mas de outra maneira de entender, de conceber, talvez mesmo de sentir o mundo.
A maior parte das teorias sobre relação entre língua e realidade pode equivocar-se quando enumera que a diferença entre os idiomas se resume nas diferentes formas de se referir aos objetos do mundo que nos cerca (1).
A assimetria não se restringe somente a objetos, mas também, e principalmente, a situações. Como diria JanKov “Enquanto que na língua materna dizemos o que queremos, na língua estrangeira, dizemos o que podemos”. Produzir reflexões sofisticadas e refinadas em idiomas que não são maternos parece enfraquecer a substância do argumento, pela simples razão que a língua da verdadeira criação é a língua materna, como enfatizou Gouin.
Féal vai mais longe: “Quando se fala uma língua que não se sente, expõe-se à incompreensão, não somente no plano lingüístico, mas também no plano humano”.
Deste modo, aprender um novo idioma até um alto nível de comunicação, além de servir para uma melhor percepção do ‘outro’ e de seu mundo, serve ainda para unir os homens além das fronteiras e barreiras lingüísticas e culturais. Dentro dessa aura de integração chegou-se até a criação de uma língua auxiliar para a comunicação internacional em 1887: o esperanto. Com base em vários idiomas (principalmente o castelhano), o esperanto é uma mestiçagem produzida artificialmente e as comunidades esperantistas, movimentos que propugnam a educação sem fronteiras.
A comunidade esperantista é um dos poucos coletivos de âmbito mundial cujos integrantes falam mais de duas línguas. Cada membro da comunidade aceitou a tarefa de aprender pelo menos uma língua estrangeira, o que em muitas ocasiões, conduz ao conhecimento e ao apreço de várias línguas, e em geral, um horizonte pessoal mais amplo. 

Mais de 150 estudos de pesquisa conduzidos durante os últimos 35 anos vigorosamente apóiam o que Goethe, o filósofo alemão, uma vez disse: A pessoa que conhece apenas uma língua não verdadeiramente conhece essa língua. Pesquisas realizadas com crianças no Canadá sugeriram que as bilíngües desenvolveriam mais flexibilidade em seus pensamentos e um entendimento mais profundo da linguagem e mais eficaz, especialmente na fase da alfabetização. Se comparadas as atividades cerebrais das crianças unilíngües e bilíngües, estas últimas têm maior capacidade de execução de outras tarefas cognitivas do que as primeiras, como resultado de processamento de informação através de duas línguas diferentes.
Comprovadamente o poliglotismo faz bem ao cérebro, não só contribui para a saúde cerebral do indivíduo, como também libera energias para outras atividades cognitivas, como, por exemplo, para a música, o esporte e o cálculo mental. Isto acontece porque ao ser poliglota o indivíduo preserva a morte de uma quantidade de neurônios, que conectados entre si por milhares de sinapses, asseguram um funcionamento intelectualmente superior do cérebro e ao mesmo tempo menos custoso em esforço.
Se cientificamente falar vários idiomas traz benefícios corporais ao indivíduo, o ato de (pelo menos tentar) compreender o ‘outro’ através de sua língua cria uma integração entre os seres humanos capaz de suplantar a ‘falsa’ globalização.
A linguagem é eterna, tem uma carga de significados que incorporam histórias e conceitos e as palavras aglutinam em si o significado mais puro da esperança.

“Quando buscamos o sentido próprio, profundo em relação à totalidade da existência, da atitude humana fundamental que chamamos esperança (esperanto), voltamo-nos para a linguagem”.  

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Idioma ou dialeto?

Idioma  ou Dialeto ?


Do ponto de vista linguístico não há nada que distinga língua de dialeto. Ambos têm léxico e gramática e quem fala um idioma e um dialeto regional é tão bilíngue quanto quem fala dois idiomas.
Hoje, costuma-se chamar de dialeto qualquer expressão lingüística que não seja reconhecida como língua oficial de um país. Afinal, a tradicional distinção entre língua e dialeto está fundada em critérios mais políticos do que lingüísticos. Em geral, o que faz uma língua ser considerada dialeto e não idioma é a ausência de literatura ou de tradição literária, o seu não-reconhecimento pelo Estado ou mesmo a sua falta de prestígio. É preciso lembrar que algumas línguas ágrafas, como as nativas da África, Ásia e América, têm rica literatura oral, transmitida por gerações em séculos. E através de estatísticas realizadas recentemente e expostas no livro Ethnologue, das 7.015 línguas catalogadas mais de 5.500 são faladas nestas regiões.
Há que se frisar, que os critérios estabelecidos são flexíveis e nem sempre tão claros e certas distinções são imprecisas, posto que dialetos ininteligíveis são unidos em um único idioma se compartilham uma mesma literatura ou outra herança cultural.
Surgido em 1951 o guia de idiomas foi elaborado para missionários cristãos, entretanto hoje é muito usado por empresas globais, governos e instituições privadas. O guia , ao contrário do que muitos linguistas preconizam, vem acrescentando a cada edição, mais idiomas. A penúltima ,em 2005, listava 6.912. Esta dissonância ocorre pela subjetividade dos critérios analisados, dependendo de como se classifica dialeto ou idioma e como bem afirma Paul Lewis ( linguista que administra o guia) “idioma é como mingau de aveia , tudo é muito vago perto das extremidades”.

O que se pode afirmar com certeza é que muitas línguas desaparecerão por pressão dos idiomas de cultura, seja o idioma nacional do país, seja o inglês como língua global e dominante na área de “business”.